segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

História do Burlesco - Parte II


Ao contrário do que se pode pensar inicialmente, o burlesco não se tratava de belas moças que em suas esquetes tiravam a roupa , antes ainda , deve-se pensar no burlesco enquanto comédia, mais aliada ao teatro do que à dança propriamente dita. No auge dos shows de Burlesque, haviam artistas, cantores, e coristas, que se tratavam de mulheres que dançavam em sincronia nas esquetes dos comediantes e entre elas. Nos anos entre 1840-1860, o burlesco apresentado na Inglaterra era direcionado à classe baixa e trabalhadora, representando o sexo como tema de fundo de suas apresentações, é considerada a parte ignorante do Show Biz.
Lydia e seu marido
Lydia e a sua troupe - 
Little Egypt
Irmãs Barrison - Sister Act
La Belle Otero
Liane de Pougy
Cláo de Merode
Emilienne d'Alençon

O Burlesque chega aos EUA por volta de 1860, com Lydia Thompson, em um momento muito propício, já que o estilo Vaudeville já era muito badalado pelos norte-americanos. A britânica Lydia Thompson foi a primeira estrela burlesca e foi fundamental na exportação do estilo à América.
Em 1868 sua troupe burlesca – The British Blondes, ou “loiras britânicas – se tornou uma das maiores atrações teatrais de New York. Esta tinha um contrato de apenas 6 meses de duração , o que acabou durando 6 longos anos de turnê. Com seu primeiro hit Ixion, uma paródia mitológica que continha mulheres em colãs reveladores fazendo papel de homem. Mulheres semi- nuas interpretando agressores sexuais, combinando grandes figurinos com uma comédia insolente – numa produção escrita e dirigida por uma mulher,impensável para a época. Esta em que mal se viam os tornozelos das moças, Lydia lança algo revelador, mulheres em collants que revelavam suas formas e curvas. Lydia retorna à Londres em 1874 para fundar seu próprio teatro. O sucesso de Lydia lançou uma explosão burlesca. Mabel Saintley se tornou a primeira estrela americana nativa. A partir de essa data, o burlesco foi uma misto de atores de comédia masculinos com uma pernas de mulheres à mostra, sem faltar, é claro, música e dança.
A dança burlesca e as práticas tease fizeram muito sucesso nos EUA, e foram cada vez se desenvolvendo mais e mais. Em 1893 surge outra artista denominada Little Egypt que aparece em “Les Rue du Caire”na World's Columbian Exposition, em Chicago. Apresenta um tipo de dança do ventre chamada de Dança Hooch. Tal bailarina foi imitada por diversas outras bailarinas (alguns referem mais 2) que se autodenominavam Litlle Egypt também.
Do final do século XIX até meados de 1920, o Burlesque tinha muita semelhança com o Vaudeville, que se concentra mais na sátira e no teatro clássico, com textos cômicos e picantes. Neste contexto surgem as Irmãs Barret, com o Sister Act, um grupo de mulheres que atuam ser irmãs e cantam e dançam músicas, como a ousada “Would you like to see my pussy?”, feita pelas Irmãs Barret. Faziam este número levantando a saia e mostrando as suas calcinhas.
               No mesmo período, na França, e expandindo-se à Europa, surgia a Era das Mulheres, chamada de Belle Époque, período que diz respeito ao final do século XIX, por volta de 1870 até a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914. Começam a se destacar, nesta época, a mulher e suas formas. Surge a Art Nouveau, nova tendência do momento, em que os artistas representavam as mulheres em sereias, deusas, ninfas, valorizando suas formas e curvas, inspirado nas formas naturais ,trazendo sempre o movimento às suas pinturas.


Emilienne d'AlençonOs ícones da época, as Femme Fatale deste período são as cortesãs: La Belle Otero, Liane de Pougy , Cláo de Merode, ou Emilienne d'Alençon. Por sua reputação e poder sobre os homens, estas mulheres estabeleceram suas carreiras no recém-fundado Folies-Bergère, local para entretenimento masculino, em que haviam dançam com toques de sedução, comédia, arte circense, canto, música, enfim, diversos números em que os artistas se apresentavam no decorrer dos espetáculos.


Vinte anos mais tarde, em 1889, é aberto o Moulin Rouge, outro de music-hall. O público, bem como artistas fazem parte da classe trabalhadora. Os bailarinos atuantes no Moulin Rouge são conhecidos por terem criado o que é chamado de Cancan francês dança em que as meninas jogam suas pernas no ar mostrando suas pernas cobertas com uma meia 7/8 detida por fitas, uma espécie de liga, suas calças bufantes(muitas vezes transparentes para a má qualidade do algodão).La Goulue, artista da época usava em sua calça, um coração bordado em vermelho. Essas mulheres, sem saber, abririam o caminho para uma arte e toda uma geração de strippers e bailarinas burlescas.

Em outro music-hall próximo ao Moulin Rouge, no bairro Montmartre, que ocorreu um dos primeiros considerados stripteases da história. A atriz e bailarina Blanche Cavelli, em seu número Le couché d'Yvette tira, em um de seus números, as suas roupas domésticas, uma a uma, ficando apenas com suas calças bufantes e corpete ao final da dança, deixando um mistério e aquele gosto de quero mais em sua audiência masculina. Tal número, inicia uma série de outros que se assemelham a este, ficando com pouca roupa no final, nenhum terminava sem nenhuma peça de roupa, com o tempo foram sendo marginalizados e levados às periferias das cidades européias.
Em 1893, Oscar Wilde escreve em francês a peça Salomé, em que a personagem pede a cabeça de São João Batista, e em homenagem ao feito dança a dança dos Sete Véus enquanto recompensa. Três anos mais tarde, foi encenada uma peça com tal dança, sendo este o primeiro número deste estilo de dança burlesca, encenado até os dias de hoje. No ano seguinte, a França começa a ver os números de nudez no palco, com atores vestindo ternos feitos de meias cor da pele, uma espécie de collant feito desta forma, representando o número chamado Tableaux Vivants, ou melhor, lona viva, muito em voga na Academia Francesa. O Folies-Bergère passa a colocar mulheres nuas , muitas vezes imóveis, em cada fundo de cena, em candelabros gigantes, cobertas com faisões.
Fonte:
http://www.soburlesqueblog.com/search/label/01%20-%20HISTOIRE%20DU%20BURLESQUE
http://artmuseumteaching.com/2012/12/06/tableaux-vivant-history-and-practice/


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