Olá, hoje senti vontade de contar o porquê do burlesco em minha vida, o seu significado e seu desenrolar. Há algum tempo, contando histórias para algumas amigas, recordei-me que quando criança haviam algumas coisas que me fascinavam na televisão brasileira. A citar, as taças gigantes do programa do Gugu, em que as bailarinas dançavam em pé. Estas eram lindas e sempre imaginava que poderia dançar em uma daquelas também. As propagandas de cigarro, do Carlton, amava! Havia uma em especial, em que ao fundo surgia um vulto com uma mulher vestindo um largo chapéu, sob a trilha sonora de um envolvente jazz. Tal influência me fez inclusive fumar quando adolescente! Achava o máximo! Outra coisa que me envolvia eram as dançarinas do É o Tchan, admito, adorava! Sabia muitas coreografias e achava que um dia poderia ser a morena do Tchan. Isso já indica minha adoração pela dança de modo geral. Além destes programas, comerciais e artistas, havia um programa que poucas pessoas lembram que existiu, chamado Coquetel, no Sbt, em meados de 1990. Vou deixar o link para conhecerem: https://www.youtube.com/watch?v=MKNBkKifOks . Assisti poucas vezes, era bem pequena, mas era insone, então acabava assistindo todos os programas adultos da madrugada. Lembro de ver meu pai assistindo algumas vezes. Era um programa de striptease, que se passava em um navio, as pessoas iam tirando a roupa, tanto homens quanto mulheres, a diferença era que as mulheres ficavam com os seios à mostra e ao final do programa tinha o striptease especial em que as mulheres tinham estrelinhas ou frutinhas para tapar seus mamilos. Enquanto criança eu assistia àquilo fascinada, achava lindo! Lembro de ser algo visto com tranquilidade, não sentia vergonha ao ver, pois em minha casa a nudez era vista como algo normal, natural, sem maldade. Acredito que por este motivo a minha concepção de nudez e de arte também foi para este lado, por ver o nu como algo belo, artístico e puro. Com o tempo fui percebendo que a maldade está na cabeça das pessoas, que com seus julgamentos deturpam o significado do nu. Mas enfim, em minha história com a dança fui entrando em diversos caminhos, alguns tortuosos, e que me servem de muito aprendizado. E ainda tem muito pela frente! Muito a aprender. Danço desde 1998, sempre na Dança do Ventre, Ginástica Olímpica e um pouco de Jazz. Em 2010 eu descobri que a dança que fazia era uma dança do ventre diferente, tinha uma pitada de algo que eu não conseguia identificar. Na época me senti desolada, até que fui descobrindo outras danças e descobri que o que fazia mesmo era Burlesco. Comecei a estudar e estudar, e descobri um novo mundo, um mundo onde a criatividade pode me levar e meu corpo pode ser livre e exposto. Onde meu corpo além de dançar também é uma pintura, também é estético, que não necessita de padrões, de regras. É livre em sua arte! Sendo assim, o que sempre quis dançar foi burlesco. Tive o prazer de conhecer neste caminho a Nani Lima, minha colega, amiga e parceira, que me acolheu em sua escola ( Maria Gitana), me ensina a dança cigana ( minha outra paixão) e que hoje trabalhamos juntas no que chamamos de Arte Livre. Partimos da técnica ao sentimento e vice-versa, observamos, sentimos e auxiliamos ao bailarino e aluno descobrir o que ele tem que nos mostrar, o que ele deve trabalhar na sua dança para curar as suas feridas interiores, para superar o ego e dar conta de sua veia interior com a realidade de si neste mundo.
Quanto ao meu processo interno, percebo que o Burlesco faz a junção das minhas questões infantis e do meu eu mulher, e dentro deste processo, vou me dando conta de meus arquétipos internos, das minhas fantasias, e as vou interpretando, sempre no decorrer de meu processo criativo.
Quanto ao meu processo interno, percebo que o Burlesco faz a junção das minhas questões infantis e do meu eu mulher, e dentro deste processo, vou me dando conta de meus arquétipos internos, das minhas fantasias, e as vou interpretando, sempre no decorrer de meu processo criativo.
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